quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fichamentos


ARTIGO SOBRE GÊNERO

“Gênero, artefato e a constituição do lar: o caso paulistano” é um livro que nasceu a partir de um doutorado defendido na Faculdade de Filosofia, Letras  e Ciências Humanas da USP por Vânia Carneiro de Carvalho. O volume trás a discussão sobre a história da formação e do estabelecimento do gosto por decoração e consumo da burguesia paulistana. A autora ocupa-se em analisar o relacionamento simbólico entre objetos domésticos e formação de identidades sociais diferenciadas pelo gênero. A obra é dividia em cinco capítulos: Ações centrípetas: individualidades sexuadas; Espaços e representações de gênero: um campo operatório; Representações e ações corporais: a ubiquidade do gênero; Casa VERSUS Rua: a conspicuidade feminina e o trabalho doméstico; por fim A felicidade como conforto: bem-estar, domesticidade e gênero.

A autora faz uma análise dos cômodos de um tradicional palacete paulistano do século XIX e XX, ressaltando a divisão de gênero por cômodos. Longe de um senso comum que aponta a cozinha como local da mulher na casa e atenta ao seu recorte – burguesia paulistana de 1870 até 1920, Vânia aponta diferenças sociais do lar paulistano e do norte-americano, lembrando que devido à nossa herança colonial, a cozinha era o lugar dos criados.  Além de buscar referências na literatura brasileira – Machado de Assis e José de Alencar – para interpretar o cotidiano brasileiro, a autora baseia-se em Richard Sennet e Michel Foucault ao discutir sobre o disciplinamento dos corpos no mundo urbano.

A autora destaca que em determinada época, a tradição colonial é desprezada e as medidas higiênicas tonam-se ponto forte de preocupação dentro dos lares, acarretando em fortes mudanças na decoração das casas. As cortinas pesadas que acumulassem pó já não são mais indicadas pelos médicos, a cozinha passa a receber atenção e torna-se azulejada, os panos e toalhas são pendurados. Por fim a autora levanta o tema que pode ser considerado uma das hipóteses centrais de sua pesquisa: a decoração, a criação de ambientes no lar que transmitam efeitos opostos à vida dura e competitiva na rua, existe para o homem, não para a mulher:

“Questionando o privado como reino da mulher, Vânia nos lembra de que o homem não somente se socializa no lar, como a própria constituição do lar como espaço de conforto e paz, de santuário alheio ao competitivo e bruto “mundo lá fora”, existe para servir ao homem. Todo o esforço dessas mulheres abastadas para decorar suas casas, a fim de que nos mínimos detalhes o espaço transmita o que a autora chama de conforto visual, faz parte do papel social e culturalmente designado a essas mulheres como mediadoras.”


LIVROS SOBRE PROCESSO DE PROJETO

LAWSON, Bryan; Como Arquitetos e Designers pensam; tradução Maria Beatriz Medina; São Paulo: Oficina de texto, 2011.


Em “Como Arquitetos e Designers pensam”, Bryan Lawson discute o papel do designer ou projetista em arquitetura, os componentes dos problemas em projeto e a busca de soluções. Os estilos de pensamento “são analisados com ênfase no processo criativo” (Lawson, 2011). O livro é dividido em 3 momentos. Inicialmente, o autor levanta a questão: O que é projetar? Nesta parte, examina o processo de projeto como acontecimentos sequenciais e aponta como se dá a formação dos projetistas e quais são as tecnologias para se projetar. Ao longo dessa primeira parte, o autor faz um mapeamento do processo de projeto na tentativa de definí-lo e chega à um resultado de: análise, síntese e avaliação.

Na segunda parte, Lawson examina quais são os componentes dos problemas de projeto e sugere o uso de medições, critérios e avaliações ao se projetar. Por fim, na última parte, o autor faz ponderações sobre o pensamento criativo em projeto. Começando pelos behavioristas, passando pela escola da Gestalt e a ciência cognitiva. Em um dos capítulos mais relevantes para o presente projeto, o autor discute o projetar como conversa e percepção. Lawson destaca ainda a importância do progresso que pode ser alcançado com a “conversa” no o ato de projetar:

“Aqui, o importante é quanto progresso se faz com essa conversa. Não importa se há um ou muitos projetistas, o processo parece o mesmo. Há uma interação com a situação por meio da conversa, na qual desenhos e ideias têm o seu lugar. Sem dúvida, as ideias são processadas por conceitos descritos com palavras. Essas palavras têm enorme importância, já que representam um conjunto complexo de características das quais algumas podem ajudar o projetista a ver um modo de avançar.” (LAWSON, 2011)

O autor afirma que os desenhos revelam alguns problemas e permitem ao projetista ver situações insatisfatórias. Finaliza sugerindo estratégias para projetar oferecendo um modelo flexível de projeto e afirmando: projetar é uma habilidade. As habilidades podem ser adiquiridas e desenvolvidas (Lawson, 2011).

Por Márcio Barbosa Fontão





quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Fichamento


ARTIGO GÊNERO
BRUSCHINI, Cristina; LOMBARDI, Maria Rosa. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cad. Pesqui., São Paulo, n. 110, July 2000 .

As autoras iniciam o artigo apresentando o cenário do trabalho feminino atualmente e nas últimas décadas. Os trabalhos mais comuns exercidos pelas mulheres eram os com pequena remuneração e que não necessitavam de um alto nível de escolaridade, como o trabalho doméstico. Esse quadro apresentou mudanças com a inclusão das mulheres em áreas antes tidas como de domínio masculino, como direito, arquitetura, engenharia e medicina, e essa mudança foi acompanhada de maiores níveis de escolaridade e melhores salários, entretanto ainda inferiores se comparados aos dos homens.
Na busca de entender esses dois pólos de trabalhos foram utilizadas diversas fontes secundárias que se relacionavam com os assuntos pesquisados. Essa busca revelou que o trabalho doméstico foi e é exercido majoritariamente por mulheres, com esse índice variando entre 93% e 97% do total de trabalhadores dessa área.
Notou-se também que carreiras como enfermagem e o magistério que necessitam de curso superior já apresentavam um alto índice na participação feminina, e continua crescente. Entretanto profissões como engenharia, arquitetura, medicina e principalmente direito apresentaram aumentos significativos, podendo destacar como cargos ocupados os de juízas, promotoras, procuradoras e curadoras.
Pode-se verificar que essas mudanças foram impulsionadas pelas mudanças culturais do final dos anos 60, e pelo aumento das vagas nas universidades públicas e particulares, que proporcionaram que esse cenário mudasse. Outra analise que pode ser feita é que essas mulheres continuam a ter menores salários do que homens em mesmo cargo, e para que essas mulheres possam se dedicar a suas carreiras precisam se apoiar nas trabalhadoras domésticas, fortalecendo esses dois pólos.

LIVRO PROCESSO DE PROJETO
MILLS, Criss B. Projetando com maquetes – um guia para a construção e o uso de maquetes como ferramenta de projeto. 2. Ed. Porto: Bookman, 2007.

Projetando com Maquetes é um guia sobre como utilizar a construção de maquetes como ferramenta de projeto. O livro inicia apresentando diversos equipamentos que podem ser utilizados na construção de maquetes e suas funções específicas. Essa descrição segue para os materiais e posteriormente para o tipo de maquete, que implica no grau de precisão que ela deve possuir, consequência direta do assunto que ela deve abordar, como uma maquete de cheios e vazios, e uma de fachadas.
A autora apresenta que dependendo do tipo de maquete, como as montadas rapidamente, como um desenho bidimensional, podem funcionar como croquis na evolução e desenvolvimento de projetos. Outras maquetes, como as volumétricas podem auxiliar a desenvolver áreas ainda não estudadas, por meio da sua relação com o espaço. As maquetes de entorno ajudam a analisar a relação do novo projeto com o entorno imediato.
As maquetes segundo a autora possibilitam ainda a experimentação e a tentativa, possibilidades facilmente alcançadas com novos recortes e rápida visualização, adaptações e reconstruções. Essas tentativas seriam mais morosas caso fossem feitas em desenhos e talvez não expressasse claramente a intenção do arquiteto.

ARTIGO PROCESSO DE PROJETO
FLORIO, Wilson. Croquis de concepção no processo de projeto em Arquitetura. Exacta, v.8(3), p. 373, 2010.
O autor inicia o artigo definindo croqui como elemento de concepção inicial do projeto, pois segundo ele pode-se relacionar memória, repertório e a capacidade de manipular ideias em pequenos desenhos e em pouco tempo. Esses croquis não são apenas registros dos pensamentos do arquiteto, mais auxiliam no desenvolvimento do pensamento, na medida em que ao desenhar, analisar e interpretar o desenho as ideias ficam mais claras e a partir delas pode-se evoluir e modificar o pensamento. Assim os croquis ajudam a demonstrar os caminhos percorridos pelo arquiteto até chegar ao projeto final.
O artigo busca mostrar as dificuldades e incertezas que ocorrem nos momentos de concepção de projetos e como os croquis ajudam a desenvolver essa fase e geram projetos diversificados e interessantes. Para o autor o croqui, como também maquetes físicas e digitais, são elementos que ajudam a materializar ideias que antes povoavam apenas os pensamentos do arquiteto.
O autor conclui o artigo ressaltando a importância do croqui na desmitificação do arquiteto gênio, da criatividade sem esforço, segundo ele divulgado por muitos arquitetos, pois é a presença do croqui que possibilita mostrar a união das habilidades, sensibilidades, conhecimento, experiências e muito trabalho na concepção de um projeto. Constata também que maquetes físicas, digitais e croquis não são simples ferramentas de representação, mas formas de entendimento e desenvolvimento de projetos.

Mariana Nogueira

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fichamento


FICHAMENTOS – Daniela Risso de Barros

PROCESSO DE PROJETO:

ARTIGO
1.       ASSUNÇÃO, Alexandre Vergínio. O croqui e a imaginação criadora no projeto de Design. Revista Thema, v. 7(2), 2010. - CAPES
  • Título: O croqui e a imaginação criadora no projeto de Design
  • Autor: Alexandre Vergínio Assunção
  • Assuntos: Croqui ; Imaginação Criadora ; Projeto De Design ; Formação Em Design
  • Publicado em: Revista Thema, 2010, Vol.07(02)
  • Descrição: A prática do Croqui - com o incremento da Imaginação Criadora - aparentemente carrega em si a possibilidade de superação de estereótipos, em direção à satisfação de novas descobertas. Estas são alimentadas pelas intervenções, da “mão obreira”, que o designer pode provocar nas representações gráficas de um modo particularmente inovador, re-significando o objeto projetual em pauta. Neste artigo, estou propondo uma reflexão sobre um dos modos que o estudante de Design tem na sua formação acadêmica e posterior vida profissional para abordar os problemas de projeto que lhe são submetidos: o Croqui. Este será analisado como uma representação gráfica manual de idéias nascentes, conjuntamente ao que lhe dá origem e sentido - a Imaginação Criadora.
  • Identificador: ISSN: 21772894
  • Fonte: Directory of Open Access Journals (DOAJ)


Não foi possível abrir o artigo para leitura on line.



LIVRO
2.       HOGAN, Blaine. Untitled: Thoughts on the Creative Process. Editora Creative Collective. - AMAZON
Não há o livro inteiro disponível para leitura on line. Somente encontrado no Amazon.

Obs. Só 2 artigos tem leitura completa online, um no Scielo e outro no JSTOR.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

RESUMO PROJETO: PERCURSOS E PROJETOS DO N/NE DE ARQUITETAS E ARQUITETOS

Resumo Este projeto de pesquisa visa identificar e descrever, nos moldes do rigor acadêmico, um conjunto significativo de elementos que compõem o que chamamos de "prática projetual" na arquitetura e urbanismo brasileiros, e dos modos como podem ser empregadas e reconhecidas como válidas na condução de pesquisas acadêmicas, na graduação (iniciação científica) e na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Reconhecendo os esforços nesse sentido que vêm sendo empreendidos por pesquisadores brasileiros (Anelli, 2009; Marques, 2009; Veloso e Elali, 2010; Campos e Silva, 2010; Lima e Zein, 2011; Lima et. al. 2011, Kowaltowski, 2011), busca inserir-se no bojo destas iniciativas, partindo do pressuposto de que 1.) pesquisadores e orientadores nas áreas de arquitetura, urbanismo e design podem beneficiar-se com enunciados claros e bem descritos sobre os modos pelos quais é possível utilizar métodos projetuais como parte da elaboração de suas pesquisa de doutorado, mestrado ou iniciação científica; 2.) pesquisadores (membros de bancas avaliadores e de agências de fomento) encarregados da avaliação de pesquisas acadêmicas que contenham elementos de prática projetual de arquitetura e urbanismo, podem beneficiar-se com a proposição de indicadores consistentemente construídos sobre como a prática projetual pode ser empregada e validada na pesquisa acadêmica; 3.) jovens pesquisadores podem ganhar ao receber treinamento apropriado na reflexão e utilização de métodos projetuais em pesquisas acadêmicas - desde a Iniciação científica até o doutorado. 

A presente proposta, intitulada: "Percursos e Projetos: Arquitetas e Arquitetos do N/NE" , concentra sua atenção no estudo das práticas projetuais de profissionais das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Constitui-se em um dos três segmentos do projeto "Percursos e Projetos: Arquitetura e Design". Os outros dois segmentos já encontram-se implantados e com financiamento, e tem como foco o estudo das práticas projetuais de profissionais da região Sudeste do Brasil. O primeiro segmento é denominado "Feminino e Plural: Percursos e Projetos de Arquitetas e Arquitetos" (Financiamento FAPESP - 2011/2012) e o segundo "Feminino e Plural: Percursos e Projetos de Arquitetas e Designers" (Financiamento Mackpesquisa 2011/2012). Os três segmento acima descritos dão continuidade a um projeto de pesquisa anterior, denominado "PAAPP - Pesquisa Acadêmica em Áreas de Prática Projetual", (financiamento Mackpesquisa 2010/2011). Naquela oportunidade foram levantadas e analisadas - no âmbito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - todas as teses de doutorado e dissertações de mestrado contendo elementos de prática projetual como parte essencial da argumentação. As conclusões daquele trabalho apontam para dois indicadores de avaliação das pesquisas acadêmicas em áreas de prática projetual: 1.) o indicador projetual - em que o pesquisador utiliza análises visuais, recorrendo a plantas, cortes, elevações, croquis, fotografias e outros tipos de esquemas gráficos para substanciar ou construir sua argumentação, que se complementa com o indicador 2.) o indicador crítico, histórico/historiográfico - em que o pesquisador busca situar o objeto de sua pesquisa em contextos históricos e culturais, delimitando-o por meio de recursos historiográficos. Foi possível constatar, na análise das teses e dissertações levantadas naquele projeto a ausência da reflexão, por parte de seus autores, sobre o papel e o peso da experiência profissional em prática projetual na construção da argumentação. Nenhum dos pesquisadores apresenta, no texto de suas dissertações ou teses, ponderações a respeito de seus processos de aquisição de conhecimento via prática profissional que foram, ou poderiam ser, empregados na construção de sua argumentação na pesquisa acadêmica. 

Embora seja possível observar a presença de elementos que sugerem variados graus de expertise profissional em projeto, há uma lacuna quanto às reflexões sobre como esse elemento interfere na condução das pesquisas acadêmicas em arquitetura e urbanismo. Essa é uma das razões pelas quais o presente projeto visa explorar elementos da prática projetual tal como manejadas e explicadas por profissionais. Para tanto, profissionais selecionados serão convidados a proferir palestra na FAU-Mackenzie sobre sua prática projetual e entrevistados. Também serão gentilmente solicitados a fornecerem material gráfico produzido no âmbito de determinadas obras consideradas importantes no entendimento de sua produção. Nesse sentido, como ficou dito acima, é que estabeleceram-se os três segmentos de pesquisa: no primeiro, financiado pela FAPESP, serão estudadas seis arquitetas da região SE do Brasil; no segundo, financiado pelo Mackenzie, serão estudadas outras três arquitetas mais três designers mulheres, também da região SE. No atual segmento, em que pleiteamos o financiamento do Cnpq, pretendemos estudar oito profissionais, quatro mulheres e quatro homens, das regiões N e NE do Brasil. Futuramente pretendemos estender o mapeamento para as outras regiões do Brasil. Porque somente mulheres nos dois primeiros segmentos? A incorporação da abordagem das relações de gênero tem sido adotada nas pesquisa conduzidas pela pesquisadora coordenadora deste projeto. O pressuposto fundamental é o de que as experiências de vida são um substrato essencail na prática projetual. E as experiências de vida carregam, dentre outras, marcas da cultura, da classe social e de gênero. Os dois primeiros projetos visavam estudar apenas mulheres no sentido de buscar compensar o menor reconhecimento atribuído às mulheres nas áreas de prática projetual. 

Neste terceiro projeto revimos essa posição. A partir desse projeto passamos a dar mais ênfase às relações de gênero, e não apenas ao gênero feminino. Por fim, é necessário pontuar que, em paralelo à realização desta pesquisa estão sendo orientadas, pela proponente, pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado complementares ao tema deste projeto. Destaca-se especialmente a pesquisa de mestrado "Métodos Projetuais em Arquitetura: Mapeamento da Produção Acadêmica Brasileira", pela pesquisadora Andraci Maria Atique. O objetivo deste mestrado é o levantamento - em todos os programas de pós-graduação stricto sensu em arquitetura e urbanismo brasileiros - da produção de teses de doutorado e dissertações de mestrado que declaradamente empregam elementos de prática projetual. Estes trabalhos serão analisados à luz da metodologia desenvolvida pelo PAAPP, e formarão um importante substrato de produção acadêmica a ser analisado em contraponto à análise das práticas projetuais que serão empreendidas no presente projeto. Tendo em vista as limitações de tempo e de pessoal na referida pesquisa de mestrado, neste caso serão levantados e analisados apenas os trabalhos disponibilizados on-line por seus programas de pós- graduação. As orientandas Daniela Risso de Barros e Alessandra Stefani também estão pesquisas relacionadas. 

Em suma, as etapas de realização desta pesquisa envolvem, em primeiro lugar, empreender revisão bibliográfica e construção de bases teóricas que forneçam subsídios para a seleção e análise das práticas projetuais de profissionais de arquitetura e urbanismo das regiões Norte e Nordeste do Brasil; em segundo lugar, levantar, identificar e descrever elementos utilizados nos processos da prática projetual em arquitetura e urbanismo no Brasil, notadamente nas regiões Norte e Nordeste, utilizando como fonte primária as informações colhidas por meio de entrevistas a profissionais da área, palestras a serem proferidas por estes profissionais e análise de seus projetos selecionados. Em terceiro lugar, pretende-se desenvolver, com apoio de sólido referencial teórico, enunciados sobre os modos como os instrumentos da prática projetual identificados e descritos ao longo das entrevistas podem ser utilizados de forma válida na construção do conhecimento acadêmico no âmbito de graduação (iniciação científica) e pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado).  

quarta-feira, 27 de junho de 2012

ENTREVISTAS COM ARQUITETOS


Hanno Rauterberg
Viana & Mosley Editora, 2009



capa do livro em inglês

capa do livro em português

Em Entrevistas com Arquitetos ou Talking Architecture: interviews with architecs, o jornalista e renomado crítico de arquitetura alemão Hanno Rauterberg entrevista 19 dos mais célebres arquitetos que comandam 17 escritórios pelo mundo. Os entrevistados são nomes de diferentes movimentos em diferentes lugares, como por exemplo: Cecil Balmond, Peter Eisenman, Norman Foster, Zaha Hadid, Oscar Niemeyer, Peter Zumthor, entre outros.

Entre as principais perguntas de Rauterberg, estão: Qual é o estado da arquitetura hoje em dia? O que inspira arquitetos? O que define seu trabalho? Pode a arquitetura mudar o mundo? Entre as respostas mais curiosas temos a do brasileiro Oscar Niemeyer que ao ser perguntado se ainda existia alguma coisa que desejasse na vida, diz:

                “Eu gostaria de parar de falar de arquitetura. Eu preferia falar sobre literatura, mulheres e ciência. Se me fosse concedido um desejo, então que todo mundo fosse igualmente próspero, por favor. Que todo mundo fosse feliz. Atualmente, o mundo me parece terrivelmente desajustado. Há insatisfação por toda parte; muitas pessoas não acreditam no futuro; o dinheiro reina supremo. Até mesmo por essa única razão, a arquitetura não pode ser a resposta. A arquitetura não é importante, o muito é importante, e nós temos que mudá-lo. Esse é um mundo de merda”

Antes das entrevistas, Rauterberg escreve uma introdução intitulada: Modernismo Digital, porque a arquitetura é mais popular do que nunca. Adiante, o livro conta com inúmeras ilustrações e fotos de projetos, contribuindo para a discussão sobre realizações, desafios, inspirações e sonhos dos arquitetos. Em alguns momentos, Rauterberg arrisca algumas provocações aos arquitetos, como no momento em que diz para a iraquiana Zaha Hadid: O jornal britânico The Times chamou-a de a mais odiada arquiteta da Inglaterra.

É um livro muito interessante. Sem perder o profissionalismo e fugir dos assuntos relacionados à arquitetura, o autor trás um lado mais humano dos arquitetos e vez ou outra deixa escapar perguntas mais pessoais e incomuns. A versão em inglês conta com fotografia coloridas, entretanto, há mais perguntas publicadas na versão em português.

MUTATIONS


Editora: Actar Editorial
ISBN: 8495273519
Autores: Rem Koolhaas Harvard Project on the city,Stefano Boeri, Sanford Kwinter, Nadia Tazi, Hans Ulrich Obrist.

© 2001

Conteúdo:WORLD = CITY

Analise de processos de mutação urbana

 

Em “Mutações” Rem Koolhaas apresenta um atlas de novos espaços urbanos, com investigações desenvolvidas ao longo de um ano no curso de pós-graduação - Harvard Project on the City. São analisados assuntos relacionados com a condição urbana através da abordagem de temas como o impacto dos shopping centers nas cidades; a sistematização das estruturas e relacionamentos na prototípica cidade romana (How to Build a City); o espraiamento de Lagos, gigantesca cidade no oeste africano que é altamente funcional, apesar da falta de infraestrutura, ou o desenvolvimento sem precedentes da região do Delta do Rio Pearl (PRD).

O resultado desses projetos está reunido no livro, que traz também ensaios fotográficos – da Europa, América, China e África urbana, descrições de lugares específicos como Pristina e Benelux, textos de vários colaboradores, entre os quais: Sanford Kwinter e Daniela Fabricius, Stefano Boeri, Hans Ulrich Obrist, Nadia Tazi, Jean Attali, Moulier Boutang, Saskia Sassen, Bart Lootsma. Ainda, intercaladas com textos, mapas e fotografias, o livro traz estatísticas sobre o estado atual e futuro da cidade, apresentadas de forma altamente gráfica.

A primeira vista, o todo não é coerente e o leitor volta-se para o que for de maior interesse pessoal, no entanto, uma análise mais aprofundada, revela que os diferentes pontos de vista juntos, formam um retrato das poderosas forças que compõem a cidade moderna, que embora feita por nós, está além da nossa capacidade de controle. Em “Mutations” Koolhaas conclui que as cidades estão em processo de mutação à medida que a globalização e a urbanização transformam o meio ambiente e a forma tradicional arquitetônica. 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

IN A DIFFERENT VOICE. PSYCHOLOGICAL THEORY AND WOMEN'S DEVELOPMENT



Em uma Voz Diferente. Teoria Psicológica e Desenvolvimento da Mulher
ISBN 0-674-44544-9
Editora: Harvard University Press.
Autora: Carol Gilligan
© 1982


Conteúdo

Em oposição às teorias de desenvolvimento humano (Freud, Piaget, Kohlberg, Levinson) baseadas no modelo masculino, Gilligan (Harvard Graduate School of Education) coloca que as mulheres pensam de uma maneira diferente - dão prioridade ao cuidado e à responsabilidade, muito mais do que aos direitos ou a justiça (o contraste entre a definição do self a partir da separação e baseado na continuidade, conexão).

A autora acredita que a psicologia tem repetidamente e sistematicamente sido incapaz de compreender as mulheres – seus motivos, compromissos morais, o decurso de seu desenvolvimento psicológico e sua visão particular do que é importante na vida. Conclui que não há algo de errado com elas, mas com a teoria, que tenta entende-las a partir de uma perspectiva masculina. Repetidamente, observa, as teorias do desenvolvimento têm sido construídas em observações da vida dos homens.
O desenvolvimento masculino é basicamente uma questão de separação do modelo em busca de autonomia e independência. Sob este viés, as mulheres seriam incapaz de tornarem-se adultos maduros, uma vez que seu desenvolvimento envolve uma luta contínua e sem solução para equilibrar suas responsabilidades com os outros e seus compromissos com elas mesmas. Enquanto os homens vêm a moral como uma questão de justiça imparcial, para as mulheres a moralidade é mais uma questão de cuidados. Seriam, portanto, menos morais? Questiona-se a autora. Se os homens dispõem-se a sacrificar o relacionamento com os outros em busca de realizações pessoais, estariam erradas as mulheres ao sacrificar conquistas pessoais para preservar relações? Na comparação do desenvolvimento de homens e mulheres, baseado no modelo masculino, as mulheres ficam aquém.
Em “Em Uma voz Diferente” Gilligan analisa respostas masculinas e femininas (em nove idades diferentes e em outros estudos separados) para o mesmo dilema moral. Suas colocações, baseadas na observação do dramático contraste entre as respostas de homens e mulheres, vão muito além da crítica negativa à teoria existente; a autora, neste ensaio, inicia uma conversa. Ao dar vozes às mulheres, coloca sua própria visão da personalidade feminina e contribui para o retrato da natureza humana, que têm sido, ao longo dos anos, muito unilateral. Chama atenção para a multiplicidade de vozes entre os “adultos” e as “pessoas” em geral.